Alimentar e Suplementar correctamente
Cavalo Sénior
Cavalos séniores apresentam uma diminuição da eficiência digestiva, sendo por vezes desafiante a manutenção de uma condição corporal adequada.
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Cavalo Sénior
Como devo alimentar o meu Cavalo Sénior?
Considerando as condicionantes e limitações que um cavalo sénior apresenta (link artigo 4.1.), o maneio alimentar deve ser efetivamente ajustado por forma a favorecer a manutenção da condição corporal do mesmo, o que pode ser por vezes desafiante.
Água
É fundamental monitorizar o consumo de água nestes equinos. No inverno a temperatura da água pode desencorajar a sua ingestão, pelo que devemos estar particularmente atentos para garantir que as necessidades em água são supridas. No verão, por sua vez, o aumento da temperatura requer uma maior ingestão de água, para garantir uma correta hidratação.
Forragem
A forragem é uma componente vital da dieta. No cavalo sénior torna-se particularmente importante a utilização de forragem de boa qualidade, considerando que a ingestão e eficácia digestiva poderão estar diminuídas (particularmente quando se verificam problemas dentários).
A forragem poderá ser suficiente para suprir as necessidades energéticas, sendo que nesse caso deverá adicionar-se um balanceador, por forma a fornecer proteína (em particular lisina), vitaminas e minerais de acordo com as necessidades. Balance
Caso a forragem não seja suficiente para cumprir com os requerimentos energéticos deverá considerar-se a inclusão de um alimento adequado a cavalos séniores e/ou um complemento fonte de gordura (por exemplo um óleo de linho), por forma a aumentar o aporte energético. Dê preferência a um alimento composto administrado sob a forma de “papa”, dadas as dificuldades dentárias características do cavalo sénior. Mash
Dificuldades na ingestão de forragem relacionadas com problemas dentários poderão ser ultrapassadas utilizando fontes forrageiras sob a forma de granulado ou cubos demolhados em água. Alfabeet, Wafer
Alimentos compostos complementares
Alimentos concentrados adequados a cavalos séniores (MASH) apresentam, de uma forma geral, um ingrediente fibroso como a luzerna ou beterraba, e são formulados por forma a serem administrados em maior quantidade face a um alimento concentrado regular, visando suprir uma parte das necessidades em fibra destes animais.
Estando a absorção proteica no cavalo sénior diminuída, o alimento concentrado deverá fornecer um teor proteico superior e deverá ser uma boa fonte de lisina (aminoácido limitante no cavalo).
A incorporação de gordura permite obter um incremento calórico sem que se aumentem os hidratos de carbono não estruturais (amido e açúcares), que deverão ser diminutos na alimentação destes cavalos (particularmente em animais com Síndrome de Cushing ou resistência à insulina).
Os níveis de vitaminas e minerais fornecidos deverão considerar a diminuição da eficiência digestiva destes animais. Poderá verificar-se maior stress oxidativo nestes animais pelo que níveis adequados de antioxidantes primários, vitamina C e E deverão ser assegurados.
A suplementação com probióticos poderá ser benéfica, bem como a utilização de condroprotetores em cavalos afetados por doença articular. Gastrobalance, Artiplus
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Cavalo Sénior
Porque é tão difícil manter a Condição Corporal do meu Cavalo Sénior?
Nos últimos anos assistiu-se a um aumento da esperança média de vida do cavalo. Esse aumento deveu-se, em parte, ao abandono da utilização do cavalo como animal de trabalho e crescente utilização no desporto e lazer, bem como à prestação de melhores cuidados de saúde e a um maior conhecimento relativo à espécie em geral. Com este aumento da idade novos desafios surgiram, nomeadamente, na manutenção de uma condição corporal adequada.
São vários os fatores que condicionam a manutenção de uma condição corporal adequada no cavalo sénior.
Eficiência digestiva
De uma forma geral, assistimos nos cavalos séniores a uma diminuição da eficiência digestiva. A capacidade de absorção é limitada por alterações no epitélio intestinal relacionadas com a idade, o que limita a passagem de nutrientes para a corrente sanguínea. A produção da enzima amílase, necessária à digestão do amido, está também diminuída, prejudicando a digestão pré-cecal do mesmo e potenciando a chegada do amido ao intestino grosso e uma consequente acidose intestinal – que torna o cavalo mais predisposto a abdómen agudo (“cólicas”) e a laminites (“aguamentos”). A digestão e absorção proteica é também particularmente afetada no cavalo sénior, o que contribui para a degradação muscular.
Má dentição
O desgaste da superfície dentária e a perda dentária associados à idade são prejudiciais para a preensão e mastigação. Uma mastigação insuficiente promove a chegada de partículas de maior dimensão ao lúmen intestinal, dificultando a atuação enzimática e da microbiota, o que compromete a eficácia digestiva.
Irregularidades significativas na superfície molar podem ainda interferir com a salivação, contribuindo igualmente para uma diminuição da eficácia digestiva.
Stress / Doença
Fatores de stress como a temperatura podem ter um impacto significativo num cavalo sénior. As baixas temperaturas afetam particularmente os cavalos séniores, seja porque estes são mais suscetíveis às mesmas, seja porque mecanismos internos de produção de calor, como a fermentação intestinal da fibra, podem estar limitados. Temperaturas baixas podem ainda limitar a ingestão de água por parte do cavalo, aumentado o risco de desidratação e problemas associados.
Também as alterações de maneio podem ter impacto na condição corporal. Por exemplo, na transição para um regime extensivo em manada, as hierarquias que se estabelecem podem limitar a ingestão.
A perda de peso crónica e consequente diminuição da condição corporal pode também estar relacionada com estados de doença e/ou dor crónica. Problemas infeciosos, artrites, disfunções renais, condições alérgicas ou tumorais, entre outras afeções, podem justificar perda de condição corporal.