Alimentar e Suplementar correctamente
Reprodução e Crescimento
Garantir que as necessidades alimentares das éguas reprodutoras, garanhões e poldros, estão cobertas segundo as estratégias alimentares mais adequadas, é crucial.
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Como devo alimentar o meu garanhão?
De uma forma geral, a alimentação do cavalo reprodutor é ainda relativamente desconsiderada na prática diária. Contudo, sabemos aos dias de hoje que a alimentação dos garanhões influencia a sua performance e fertilidade. A este conhecimento, soma-se o facto de o reprodutor apresentar, de uma forma geral, nos padrões atuais, uma atividade desportiva a desempenhar, o que obriga a um cuidado acrescido com a alimentação do mesmo.
Os garanhões deverão chegar ao início da época reprodutiva com uma condição corporal adequada e esta deverá ser monitorizada, por forma a melhor adequar o maneio alimentar durante esse período.
Garanhões magros falta de reservas, o que pode comprometer performance e a fertilidade
Garanhões obesos diminuição da libido e da fertilidade, stress articular (sobrecarga dos posteriores no decorrer das atividades reprodutivas)
Sabemos que as necessidades energéticas durante a época reprodutiva aumentam, particularmente quando associam a atividade reprodutiva (cobrição/ colheitas de sémen) à atividade desportiva, sendo essas necessidades energéticas tão maiores quanto maior a sua utilização como reprodutores. Por forma a responder a esse aumento das necessidades é recomendada a utilização de um alimento específico durante a época reprodutiva (Epoldrin).
Garanhões de idade avançada ou extremamente ativos poderão apresentar maior tendência para perder peso ao longo da época reprodutiva, estes casos poderão beneficiar, adicionalmente, de um alimento com maior incorporação de gordura (Nature Mash).
Os garanhões apresentam, ainda, necessidades acrescidas de vitamina E durante a fase reprodutiva
500 UI 800 UI (NRC,2007), pelo que a suplementação com vitamina E (VIT E +) deve ser considerada, particularmente se a estes não lhes for facultado o acesso à pastagem (dada a perda de vitamina E que ocorre com a fenação). O correto aporte de vitamina E aos reprodutores previne os danos oxidativos sobre as células espermáticas favorecendo assim a fertilidade do garanhão.
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Que cuidados devo ter no desmame do poldro?
De uma forma geral, o desmame traduz-se numa diminuição na taxa de crescimento do poldro. Para prevenir essa quebra, deve garantir-se que o poldro ingere uma quantidade de matéria seca suficiente para cumprir com as necessidades nutricionais que apresenta. A monitorização do plano alimentar e do crescimento, nesta fase, deverá ser rigorosa, não sendo desejável também a sobrealimentação.
Após o desmame, o maneio alimentar do poldro deverá manter-se rigoroso. Entre os 12 e os 15 meses de idade o poldro atingirá cerca de 90% da altura ao garrote, 95% do crescimento ósseo e cerca de 70% do peso em adulto. O restante crescimento ocorrerá posteriormente de forma gradual, verificando-se diferenças significativas no tempo de crescimento remanescente em função da raça.
Uma alimentação adequada que evite períodos de stress continua a ser essencial, sendo a regularidade do crescimento preferencial a picos de crescimento. As deficiências, excessos ou desequilíbrios nutricionais têm sido associadas a doenças ortopédicas de desenvolvimento (DOD), sendo como tal indesejáveis.
Na escolha do alimento deve privilegiar-se uma componente forrageira de boa qualidade (feno ou pastagem) e um alimento composto específico para poldros, com boa digestibilidade e que privilegie um aporte adequado de lisina, de vitaminas, de macrominerais (como o cálcio e o fósforo) e microminerais (como o zinco, o cobre) necessários para um correto desenvolvimento ósseo e articular.
young
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Alimentação do poldro: do nascimento ao desmame
A alimentação do poldro é um fator fundamental para o seu desenvolvimento e para a prevenção de doenças. Só com uma alimentação equilibrada se poderá assegurar que o crescimento e desenvolvimento do poldro correspondem ao potencial genético que o mesmo apresenta.
A alimentação do poldro inicia-se no útero (alimentação do feto), sendo importante para o mesmo que a égua tenha um regime equilibrado ao longo de toda a gestação, e que as necessidades nutricionais, acrescidas, sobretudo no último trimestre, sejam respeitadas.
Após o nascimento, o poldro recém-nascido desempenha atividades que consomem energia. Sendo as suas reservas energéticas endógenas limitadas, é através do colostro (nome designado à primeira secreção mamária da égua) que obterá os nutrientes necessários ao desempenho dessas atividades.
O colostro é assim o primeiro alimento do poldro e a sua ingestão precoce é essencial, do ponto de vista nutricional, imunológico e intestinal (efeito laxante).
Até cerca dos três meses de idade as necessidades nutricionais do poldro lactante são supridas pelo leite materno, cuja composição varia ao longo da lactação, período a partir do qual o poldro deverá complementar a ingestão de leite com pastagem e/ou alimento composto específico.
Esta suplementação do poldro lactante, com alimento composto específico fornecido seletivamente ao poldro (através da utilização de comedouros seletivos ou áreas dedicadas à alimentação dos poldros), é designada por creep-feeding. Esta prática promove uma habituação ao alimento sólido, promovendo a autonomia alimentar do poldro e reduzindo os efeitos do stress do desmame. De referir apenas, que a introdução da prática de creep feeding deverá ser feita a partir das oito semanas, de forma gradual (como qualquer processo de introdução alimentar) e que a quantidade de alimento composto específico fornecido deverá variar, de acordo com a idade, raça e composição do alimento (por exemplo: para um poldro com idade inferior a quatro meses, a quantidade de alimento composto fornecida deverá variar entre 0.5-1.0 kg por cada 100 kg de PV do poldro).
Na escolha do alimento composto, o mesmo deverá ser especificamente formulado para poldros (ou para éguas e poldros), privilegiando uma proteína de elevada qualidade (rica em lisina, aminoácido limitante) e apresentando um teor mineral adequado, nomeadamente no que diz respeito ao cálcio, fósforo, cobre e zinco.
Epoldrin (éguas e poldros)
Young (poldros)
Relativamente aos órfãos, a importância da ingestão de colostro nas primeiras horas de vida mantém-se, podendo, posteriormente, transitar para aleitamento artificial através de biberão ou balde (recorrendo às fórmulas comerciais específicas para poldros) ou tentar-se a amamentação por mãe adotiva (caso se tenha disponível uma égua que tenha perdido o seu poldro à nascença).
Nos poldros órfãos não adotados, pode disponibilizar-se alimento sólido a partir das duas semanas (recorrendo a um alimento composto específico e a feno de boa qualidade), de forma complementar ao leite de substituição. O desmame deverá ocorrer entre as 14 e as 16 semanas.
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Como alimentar éguas reprodutoras?
Atualmente, sabe-se que alimentação da égua reprodutora é um fator preponderante para a sua fertilidade, bem como para a saúde e o crescimento do poldro. As necessidades das reprodutoras divergem dos restantes cavalos, constituindo por isso um grupo particular, que requer cuidados específicos com a sua alimentação.
O aprofundar da temática do maneio alimentar da égua reprodutora implica conhecer a relevância da avaliação da condição corporal e de que forma esta afeta a fertilidade e produtividade da égua, bem como identificar as necessidades da mesma, particularmente durante o período de gestação e de lactação.
Condição Corporal
A avaliação da condição corporal (CC) das éguas permite-nos estimar a quantidade de reservas corporais que apresentam, bem como monitorizar o plano alimentar estabelecido, pelo que deve ser avaliada com regularidade. Estudos comprovam que notas médias a altas de CC (nota mínima de 5 na Escala de Henneke – Escala de 1 a 9) e CC em fase crescente (em balanço energético positivo) traduzem maiores taxas de fertilidade. Sendo que as referidas éguas retomam mais precocemente a ciclicidade, apresentam um menor número de ciclos ovulatórios por concepção, maiores taxas de concepção e menores intervalos entre partos. A CC condiciona também fatores produtivos. Reprodutoras com notas inferiores a 5 não apresentam reservas de gordura suficientes para otimizar a produção de leite. Enquanto, por sua vez, notas médias a altas ao parto tendem a produzir maior quantidade de leite, o que é benéfico para o crescimento do poldro.
Necessidades das éguas reprodutoras
As reprodutoras podem ser mantidas com um alimento de manutenção adequado e uma base forrageira de qualidade quando não se encontram gestantes, ou quando gestantes, até ao quinto mês de gestação, período a partir do qual se deve procurar um alimento específico, por forma a aumentar o aporte de nutrientes, particularmente o aporte proteico.
A partir do sétimo mês de gestação, quando o desenvolvimento fetal se acentua, as necessidades aumentam significativamente, particularmente ao nível energético, proteico e mineral. Neste período, é necessário aportar proteína, cálcio e fósforo em quantidades acrescidas, necessárias ao desenvolvimento dos tecidos muscular e ósseo do feto.
O alimento comercial, para além do cálcio e do fósforo já referidos, deverá aportar ferro, zinco, cobre e manganês. As necessidades em Vitamina A, sendo superiores neste período, também deverão ser asseguradas, particularmente se as éguas não tiverem acesso à pastagem.
Epoldrin
Os radicais livres podem afetar múltiplos processos reprodutivos, tais como a maturação dos oócitos, a fertilização e o desenvolvimento embrionário. Assim, a suplementação com substâncias antioxidantes (como a vitamina E e o selénio) apresenta também vantagens do ponto vista reprodutivo.
A suplementação com Vitamina E na fase final da gestação e início da lactação beneficia, ainda, a imunidade do poldro, ao favorecer a transferência de imunidade passiva através do colostro.
Vit E +
O recurso à incorporação de gordura na dieta poderá ser um importante aliado, caso seja necessário aumentar a energia digerível da dieta sem que se aumente o alimento concentrado. Nestes casos, recomenda-se a incorporação de uma fonte de gordura rica em ómega 3, sendo que estudos apontam para os benefícios da sua utilização para o crescimento folicular na égua, o desenvolvimento embrionário e a qualidade do colostro.
As necessidades mantêm-se aumentadas durante a lactação. Caso não se respeitem estas necessidades acrescidas, a produção de leite pode ficar comprometida e, é expectável, a diminuição da CC da égua, o que poderá de certa forma prejudicar a época reprodutiva que se sucede.
Em suma, o conhecimento das necessidades das éguas reprodutoras e o assegurar de que as mesmas são consideradas no plano alimentar estabelecido, apresenta vantagens reprodutivas e produtivas para a égua, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento saudável dos poldros.